Filosofia, ao contrário do que muitos pensam, não é atividade apenas de velhos barbudos que gostam de passar os dias refletindo sobre a vida com o queixo encostadinho nas mãos. Todos nós, mesmo imersos em nossas rotinas pessoais, somos filósofos. Afinal, quem nunca se perguntou coisas como: De que é feito o Universo? Qual a origem da vida? O que é a verdade? Qual a natureza das coisas que nos cercam? Por que há algo ao invés do nada?
O autoquestionamento e a curiosidade são alguns dos instintos mais primitivos do ser humano. Ou pelo menos deveriam ser. Mesmo com a constante evolução das ciências, muitas pessoas ainda se contentam com as explicações preestabelecidas pela religião e outros costumes sem questionar. Mas se você não é uma destas, vou lhe indicar um ótimo livro que vai ajudá-lo a aprimorar seus conhecimentos.
Escrito por diversos professores e estudiosos, O Livro da Filosofia é um dos mais completos e atualizados livros de filosofia. Organizado de maneira primorosa, com uma linguagem simples e acessível, ele contempla as principais ideias dos maiores filósofos de todos os tempos.
Construído de acordo com a época em que cada um desses grandes filósofos viveram, o livro aborda desde os pensadores gregos e chineses mais antigos, como Sócrates, Platão, Aristóteles e Confúcio, passando por Kant, Hegel e Rousseau, e indo até os tempos mais contemporâneos, com Kuhn, Foucault e Chomsky.
Escola de Atenas, de Rafael
O propósito do livro é justamente esse: fazer um resumo das principais ideias dos maiores pensadores de todos os tempos. Mas mesmo uma iniciativa tão bem pensada pode ter alguns ‘buracos’ pelo caminho. Por exemplo, ao mesmo tempo em que O Livro da Filosofia oferece resumos sensacionais como os que foram feitos para Hegel, Rousseau e até mesmo para Aristóteles, deixa algumas lacunas, como quando aborda os pensadores da Escola de Frankfurt. Kierkegaard, Husserl e Chomsky também não ganharam bons resumos. Grandes pensadores como Comte (!), Frege e Deleuze também foram reduzidos a meros parágrafos no fim do livro, sendo que obviamente mereciam ter um espaço maior na parte principal da obra.
Mas esses deslizes não tiram todo o mérito da obra. Desde o primeiro instante que vi o livro, ele já chamou a atenção por causa da edição extremamente bem feita.
O livro todo é muito colorido e bem ilustrado, cheio de imagens que aguçam nossa imaginação e diagramas que simplificam ideias mais complexas.
Além disso, o conteúdo foi exposto de uma maneira muito simples e acessível, oferecendo linhas do tempo com os principais acontecimentos de cada período, as maiores citações de cada um dos filósofos, e, no fim do livro, uma sessão intitulada “outros pensadores“, onde os autores incluíram filósofos que acabaram não entrando na parte principal do livro, como Plotino e Anaximandro. E, por último, colocaram um glossário com os significados das principais palavras e expressões utilizadas na filosofia.
Algumas das ideias contidas no livro podem ser enigmáticas, algumas soam evidentes, já outras se assemelham ao que Bertrand Russell disse uma vez: “a questão principal da filosofia é começar com algo tão simples que dê a impressão de não valer a pena se enunciado e terminar com algo tão paradoxal em que ninguém irá acreditar“. Mas, certamente, tudo isso nos fará reexaminarmos tudo aquilo que admitimos como correto, contribuindo com o aprimoramento do nosso senso crítico, além de – é claro – conhecermos ainda mais a história do mundo e de seus principais pensadores.
A filosofia é uma prática tão grandiosa que influenciou ou até mesmo criou diversas ‘áreas’ políticas, econômicas, sociais, científicas e artísticas. Por isso, o livro vai agradar desde leigos e estudantes, até especialistas no assunto. Certamente, O Livro da Filosofia vai saciar sua sede de conhecimento. Mas apenas temporariamente, pois, como Sócrates nos ensinou com seu “só sei que nada sei“, essa busca pelo saber é eterna.