Resenha: A Peste, de Albert Camus


Imagine que uma catástrofe social toma uma cidade. Como irão reagir as autoridades e a população? Será que as pessoas adotarão uma postura individualista, tentando salvar apenas a si mesmas? Ou será que as pessoas irão pensar no bem da coletividade? Essas e outras questões são discutidas no livro “A Peste”, de Albert Camus.


O livro é ambientado em Oran, uma pacata cidade da Argelia. A cidade era tão tranquila que a monotonia já dominava a rotina das pessoas. Porém, certo dia toda essa tranquilidade é perturbada quando ratos começaram a aparecer por toda a cidade. Pouco tempo depois dos ratos aparecerem, veio a peste, que começou a levar centenas de pessoas à morte.

Toda essa agonia é acompanhada principalmente por meio do personagem principal, Rieux, um médico da cidade que estava no olho do furacão tentando tratar pacientes acometidos por essa doença terrível. Ao acompanhar o dia a dia do médico, temos uma visão muito assustadora e emocionante de como as pessoas reagiam à doença. Isso porque nem só os doentes sofriam com ela; toda a população da cidade enfrentava muitas restrições por conta da doença… As pessoas eram impedidas de se ver; amantes eram separados; cartas não eram mais trocadas; o café já não era mais servido nas cafeterias; os novos filmes já não eram mais exibidos no cinema. Assim, a cidade havia entrado num estado de sítio, ficando completamente isolada do mundo exterior.

No livro “A Peste” acompanhamos como as pessoas reagem à doença desde o momento de sua eclosão, até o momento de seu desaparecimento (e também como as pessoas parecem se esquecer rapidamente da doença que as afligiu quando as coisas melhoram).

Na verdade, vale ressaltar que todo o livro é uma grande alegoria ao Nazismo e sistemas totalitaristas em geral. Albert Camus começou a escrevê-lo em 1941, no meio da Segunda Guerra Mundial, e finalizou-o em 1947, pouco depois do fim do conflito. “A Peste” simboliza então todas as formas de totalitarismo e opressão que dominavam diversas cidades na época (e infelizmente ainda dominam muitas até os dias de hoje). Aqui, os ratos podem ser entendidos como os totalitaristas que “chegam de mansinho” ao poder e logo conseguem dominar toda uma cidade, espalhando a “peste” entre a população.

“Na verdade, ao ouvir os gritos de alegria que vinham da cidade, Rieux lembrava-se de que essa alegria estava sempre ameaçada. Porque ele sabia o que essa multidão eufórica ignorava e se pode ler nos livros: o bacilo da peste não morre nem desaparece nunca, pode ficar dezenas de anos adormecido nos móveis e na roupa, espera pacientemente nos quartos, nos porões, nos baús, nos lenços e na papelada. E sabia, também, que viria talvez o dia em que, para desgraça e ensinamento dos homens, a peste acordaria seus ratos e os mandaria morrer numa cidade feliz.” (p. 219)

A obra-prima de Camus representa a busca permanente do autor pela justiça e pelo humanismo. Certamente vale a pena ler esse livro, pois além de ter um enredo super tocante e envolvente, provoca diversas reflexões importantes no leitor.

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