Como eram pouquíssimos os homens que sabiam ler e escrever na Europa medieval, a produção e a divulgação da cultura estiveram, por muito tempo, ligadas aos mosteiros e abadias. O ambiente religioso no qual a produção cultural era originada influenciava fortemente as obras. Por esse motivo, dentre as características mais marcantes da cultura medieval, destacamos a visão teocêntrica do mundo, que levava o ser humano a uma postura servil perante a Igreja, instituição riquíssima e detentora de grande poder político na época.
O Trovadorismo galego-português
No século XII, em Provença (hoje uma região da França), a literatura foi o palco imaginado por um nobre, Guilherme IX, para representar a relação de vassalagem por meio de um código de comportamento amoroso: a fin’amors, que era o amor apresentado nas composições dos trovadores, também denominado, a partir do século XIX, de amor cortês. No amor cortês, o trovador declara-se vassalo de uma dama, da mesma forma que, na sociedade, os vassalos juravam obediência ao seu senhor feudal. O lirismo galeco-português surgiu no fim do século XII. A data de 1198 é considerada o marco inicial da Literatura Portuguesa por atribuir-se a esse ano o aparecimento da famosa Cantiga da Ribeirinha ou da Guarvaia.
Principais características do Trovadorismo:
- Teocentrismo;
- arte gótica;
- ambiente palaciano;
- produção oral (para ser acompanhada de instrumentos musicais);
- cantigas trovadorescas;
- novelas de cavalaria;
- hagiografias (biografia de santos).
As cantigas de amor exprimem a paixão infeliz, o amor não correspondido que um trovador dedica a sua senhora.
As cantigas de amigo apresentam uma interessante característica estrutural: o trovador assume a voz da donzela que exprime os seus sentimentos pelo amigo, e predomina o desenvolvimento da temática da saudade.
A cantiga de escárnio define-se como sendo aquela feita pelos trovadores para dizer mal de alguém, por meio de ambiguidades, trocadilhos e jogos semânticos.
A cantiga de maldizer caracteriza-se pela identificação da pessoa satirizada e pela ofensa explícita.
Novelas de Cavalaria
A Idade Média viu florescerem, além das cantigas, as famosas novelas de cavalaria, que surgem com o declínio do prestígio da poesia dos trovadores. Organizam-se em três ciclos: Ciclo clássico (que narram a Guerra de Tróia e as aventuras de Alexandre, o Grande), Ciclo arturiano ou bretão (que envolvem o rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda) e Ciclo carolíngio ou francês (que contam histórias sobre o rei Carlos Magno e os doze pares da França).
Fontes: Português: Linguagens – William Cereja & Thereza Cochar + Português: Língua, Literatura e Produção de Texto: Maria Luiza Abaurre, Marcela Nogueira Pontara & Tatiana Fadel.