A publicação, em 1956, da revista Noigandres trouxe à cena artística brasileira uma produção poética completamente diferente da elaborada até aquele momento. Os paulistas Décio Pignatari, Haroldo e Augusto de Campos propunham-se a incorporar, à poesia, os signos da sociedade moderna, aliando a exploração de aspectos formais e a observação crítica da realidade.
O Concretismo propunha uma ruptura radical com o lirismo. A poesia intimista deveria ser substituída pela concretude das palavras, utilizadas em seu aspecto verbivocovisual (semântico, sonoro e visual).
A estrutura básica do poema concreto deve organizar-se de modo geométrico e também simétrico. O poema transcrito é dividido ao meio pela palavra transforma que desencadeia a sugestão visual de rotação, como se a metade de cima e a metade de baixo (divididas pela palavra transforma, que já sugere alteração) pudesse girar sobre o eixo central.
Outro aspecto interessante é o posicionamento da palavra forma, que percorre um trajeto circular, da esquerda (início do poema) para a direita (meio do poema), para a esquerda (fim do poema). Com procedimentos como esses, o Concretismo atribui à palavra o papel central na construção do poema.
Decorrentes do Concretismo, surgem alguns outros movimentos poéticos como o Neoconcretismo (1959), a Poesia-Práxis (1962) e o Poema-Processo (1967).
Fonte: Livro de Português – Volume único, de Maria Luiza Abaurre, Marcela Nogueira Pontara e Tatiana Fadel.