Quando vamos escrever um texto, não podemos simplesmente juntar palavras e ideias sem um objetivo. Muito pelo contrário, se pretendemos construir um bom texto, devemos encadear ideias que transmitam uma mensagem que nosso interlocutor seja capaz de decodificar, que seja capaz de entender.
Assim, para ter êxito nessa árdua tarefa de produzir sentido por meio da escrita, é imprescindível dominar alguns mecanismos de organização textual, como a coerência e a coesão.
Coerência
Dizemos que um texto é coerente quando suas ideias estão relacionadas de maneira lógica, conferindo sentido ao que está escrito. A coerência textual tem a ver com o encadeamento das ideias. Não pode haver contradição entre os vários segmentos do texto. Os fatos e opiniões devem estar ordenados de tal forma que cada segmento do texto mantenha uma relação de sentido com os demais. Em uma redação, devemos tomar muito cuidado para que as ideias apresentadas se completem e construam uma linha lógica de raciocínio, que possa ser compreendida pelo leitor.
Mas a coerência de um texto não se dá apenas no plano da organização das ideias. A situação de comunicação também deve estar adequada ao tipo de texto e à linguagem empregada. Assim, para cada tipo de texto, temos um encadeamento próprio de ideias.
Por exemplo, em um texto narrativo, os fato devem estar ordenados de tal modo que leve o leitor a acreditar que o fato narrado poderia ocorrer naquele momento, com aquele personagem e dentro daquele universo.
A coerência na articulação dos elementos essenciais da narrativa – personagem, tempo e espaço – recebe o nome de verossimilhança. Dizemos que um texto é verossímil quando ele parece verdadeiro, quando ele parece possível. E isso não depende da realidade externa ao texto; a coerência da narrativa é interna à história. Para que isso ocorra, é necessário que haja harmonia entre seus elementos. Assim, se você quiser que sua personagem voe em uma vassoura mágica, terá de construir um universo em que isso seja possível, em que isso pareça verdadeiro.
Já nos discursos argumentativos, existe um compromisso com a realidade externa ao texto. Se em um texto narrativo seu personagem pode voar, em uma dissertação os fatos mencionados devem ter realmente acontecido, no caso de um exemplo; ou ser possíveis de acontecer no mundo real, se se tratar de uma suposição. Portanto, não invente na hora da prova. Prepare-se com antecedência, leia muito, estude, informe-se. Crie um banco de informações que você possa utilizar na hora do exame.
Em um texto argumentativo, a coerência também pode ser percebida no encadeamento de ideias, que deve levar o leitor a uma conclusão lógica dos argumentos apresentados. Não se pode, por exemplo, defender a pena de morte para um assassino argumentando que matar é inadmissível. Ora, se matar é inadmissível, não se pode matar o assassino.
Podemos dizer, então, que a coerência em um texto argumentativo depende de sua comprovação na realidade e da harmonia entre a tese defendida, a argumentação exposta e a conclusão apresentada.
Fonte: Técnicas de redação e redação oficial, de Carla Murad Tullio