As conferências democráticas do Casino Lisbonense

Na imagem: As respigadeiras, de Jean-François Millet, 1857, óleo sobre tela.
Enquanto o perfil da produção europeia se transformava com a industrialização, Portugal permanecia um país agrário e, consequentemente, pobre.

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As conferências democráticas foram imaginadas pelos jovens idealistas que pretendiam tirar Portugal do atraso cultural. Participavam do grupo Antero de Quental, Eça de Queirós, Ramalho Ortigão, Oliveira Martins, Teófilo Braga e Salomão Saragga. O grupo do Cenáculo decidiu que suas ideias revolucionárias precisavam ser democratizadas, o que aconteceria com uma série de conferências a serem realizadas no ano de 1871, no Casino Lisbonense.


No aspecto literário, destaca-se a quarta conferência, proferida por Eça de Queirós em 6 de junho: A literatura nova (O Realismo como nova expressão da arte). Veja como o escritor apresenta a nova estética:

“Que é, pois, o realismo? É uma base filosófica para todas as concepções do espírito – uma lei, uma carta de guia, um roteiro do pensamento humano, na eterna região do belo, do bom e do justo. Assim considerado, o realismo deixa de ser, como alguns podiam falsamente supor, um simples modo de expor – minudente, trivial, fotográfico. Isso não é realismo: é o seu falseamento. É o dar-nos a forma pela essência, o processo pela doutrina. O realismo é bem outra coisa: é a negação da arte pela arte; é a proscrição do convencional, do enfático e do piegas. É a abolição da retórica considerada como arte de promover a comoção usando da inchação do período, da epilepsia da palavra, da congestão dos tropos. É a análise com o fito na verdade absoluta. Por outro lado, o realismo é uma reação contra o romantismo: o romantismo era a apoteose do sentimento; o realismo é a anatomia do carácter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos – para nos conhecermos, para que saibamos se somos verdadeiros ou falsos, para condenar o que houver de mau na nossa sociedade.”


Mesmo sem concluírem o ciclo de conferências programadas, os jovens da Geração de 70 alcançaram seu objetivo, e o Realismo instalou-se definitivamente em Portugal.







Fonte: Livro de Português – Volume único, de Maria Luiza Abaurre, Marcela Nogueira Pontara e Tatiana Fadel.

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